Num mundo de tantos jovens sem perspectiva
de vida, sem planos, sem oportunidade ou sem vontade, a morte de um cidadão de quase
105 anos seria natural. Contudo, cheio planos e projetos por fazer, Oscar
Niemeyer deixa um legado de fãs arquitetos, engenheiros e todas as pessoas que
se permitiram emocionar ao presenciar, mesmo que por fotos ou vídeos, sua
arquitetura fantástica e completamente singular.
Brincava com amigos, ao dizer que
ele não nos deixaria, pois era o primeiro arquiteto tombado, que assim
como suas obras, não poderia morrer. Um exemplo para quem ama a arquitetura e
sente prazer neste ofício, que apenas para poucos ainda soa como Arte.
Niemeyer conseguiu brincar
efetivamente com suas proposições arquitetônicas nos deixando quase achar que
são esculturas. As formas são escultóricas, mas não categorizadas como esculturas
pela simples diferenciação quanto à função desempenhada pela criação: se
funciona como abrigo, perde a categoria de escultura e passa automaticamente a
caminhar no campo da arquitetura.
Em meados do século XX, um grupo
de arquitetos e intelectuais com propostas revolucionárias fundaram o Movimento
Internacional por uma Bauhaus Imaginista-MIBI (que depois se juntaria a mais
grupos político-artísticos e fundariam a IS - Internacional Situacionista), o
qual possuía como diretriz principal a crítica ao extremo funcionalismo da
arquitetura ensinada na Bauhaus (escola de Urbanismo, Arquitetura, Cenografia, Design
e Artes Plásticas), clamando por uma arquitetura lúdica e que nos possibilite
emoção.
Ao estudar estes movimentos
supracitados, via nos projetos de Niemeyer a materialização deste discurso na sua peculiar arquitetura lúdica, que sai do “lugar
comum” e que emociona. Formas que qualificam a engenharia contemporânea, nos
mostrando diversas possibilidades formais do construir com concreto armado, que
era sua “massa de modelar”.
Descanse em paz o Grande Mestre
da Arquitetura Mundial, que não abandonou seu ideal por uma sociedade sem esta
abissal diferença entre classes sociais. Arquiteto Revolucionário, que inspira
tantos que almejam o curso de arquitetura e tantos que acreditam que a
arquitetura poderá tornar o mundo mais justo, fraterno e agradável.
Abaixo, registros de duas obras de Niemeyer em Niterói, que tive o privilégio de conhecer.
Teatro Popular de Niterói
Museu de Arte Contemporânea
Nenhum comentário:
Postar um comentário